Sala do Ministro da Magia

Estava em sua sala apreciando o bom e velho firewhisky, amigo de todas as horas. Enquanto observava distraidamente algumas fotos de família, quando em meio a esse devaneio, um memorando chega ao local.  Analisando o pergaminho notava-se a caligrafia bem trabalhada, a mensagem havia sido enviada pelo ministro, este requisitava a presença de seu Vice. Mordred ajeitou rapidamente sua gravata, abotoou o paletó e se dirigiu a sala do Premier;  Já na mesma bateu três vezes a porta e adentrou ao local. – Olá, Ministro!  - Aproximou-se da mesa deste. – Mandou me chamar, o que deseja? –  Indagou encarando o homem.                        

 Havia chegado o momento que Philipp tanto temia. Apenas o Ministro sabia o quão difícil era aceitar que a situação poderia estar saindo de seu controle. Ele precisava encaminhar os aurores e seus subordinados ministeriais para seguirem o caminho que ele julgava correto e à partir dali, cada um tomaria seu rumo da forma como achasse melhor. O primeiro a chegar em seu escritório foi Mordred, seu melhor amigo, cuja a amizade a política tem desgastado um pouco ao longo dos anos. Philipp estava confortável  nas almofadas de sua cadeira e apenas levantou a cabeça, assentindo e esboçando um sorriso para o vice-ministro. - Mordred, Morderd. Fico feliz que esteja bem depois daquela bagunça toda. Posso concluir que o seu... par, também está bem, certo? - O Ministro se ajeitou na cadeira, desta vez dando um sorriso mais malicioso para o amigo e apoiando os braços no encosto lateral. Era necessário a presença de todos os aurores também.  Foi um verdadeiro erro de logística a falta de aurores durante a Feira Natalina, o que causou grande parte dos problemas de livre destruição, além dos muitos desaparecidos.

A segunda pessoa a chegar foi uma bela senhorita oriental que se apresentou como Zhang Yu. Ela fez uma reverência típica do seu local de origem e procurava falar da melhor forma possível, mesmo com o seu sotaque quase impossível de esconder. Philipp respondeu com um aceno de cabeça - É um prazer saber que nossas fileiras de aurores possuem bruxos das mais diversas nacionalidades, senhorita Yu. Como deve saber, eu e Mordred não somos daqui, mas adotamos esta terra como nossa e espero que também se sinta em casa... - O Ministro fez uma careta de dor ao forçar o braço esquerdo para se inclinar para frente e se apoiar na mesa, se distraiundo ao ponto de que não viu Mark e Scorpion chegando por trás dos outros dois. - Olá Senhor Van Dur, Olá Senhor Cross - E ergueu uma sobrancelha para o estilo exótico do segundo homem, mas apenas sacudiu a cabeça de forma negativa. Já tinha aurores suficientes para começar  - Bem, meus caros, acred... - E o Ministro foi interrompido por um último a chegar, era Mors que cumprimentou a todos e perguntou sobre o assunto daquela reunião. Philipp esboçou um novo sorriso enquanto ajeitava o pote de tinta sobre a mesa para o canto superior direito e alinhando algumas folhas de pergaminho. - Eu estava indo a este ponto quando chegou, Senhor Blödhgarm... Pois bem.

- Não preciso dizer o quão trágico foi o Ataque à Hogsmeade e o quanto isso pesa para a nossa imagem pelo fato de não contarmos com um auror sequer no local para ajudar a população. - Philipp se ajeitou novamente e fechou um pouco sua expressão. Em seu rosto era possível notar alguns arranhões e um corte próximo aos lábios que já estava cicatrizado. - Eu assumo a responsabilidade por este fato, é claro, porque organizei missões que julguei importante e ficamos sem um contingente suficiente, mas foi uma coincidência muito grande ocorrer um ataque desses bem no momento de maior fragilidade... É como se... soubessem dos nossos planos, o que nos leva a um problema maior e interno. - Philipp passou a mão pelos cabelos e suspirou, observando a expressão de cada um naquela sala. Ele confiava em seus funcionários, ou pelo menos na maior parte deles, mas não é possível deixar a confiança superar o preparo e foi exatamente isso que aconteceu nos últimos tristes eventos - Eu não quero acusar ninguém, eu jamais poderia fazer isso. Entretanto, para manter nossa própria segurança passarei a compartimentalizar as informações... Ou seja, nem todos saberão de tudo que organizaremos, apenas eu e no fim tudo se encaixará.

- Eu também sei que o mais provável é que esses ataques sejam causados por comensais... Talvez com um novo nome e com um novo líder, por isso acho importante que investiguemos os "Du Weldenvardens" que estão livres... Talvez alguém quer continuar de onde sua parente parou. Inclusive temos uma delas dentre os desaparecidos - Philipp começa a vasculhar os papéis pegando fichas de pessoas listadas pelo Ministério e logo no início uma jovem aparecia. - Adara Du Weldenvarden. Ela tinha dez anos na época do Holocausto e agora é professora de Defesa Contra as Artes das Trevas em Hogwarts. Está desaparecida e eu realmente tenho minhas dúvidas se ela pode estar envolvida ou se simplesmente foi uma vítima, por isso quero o máximo de informações sobre qualquer outro membro vivo desta família. O que fazem, aonde estão, até o que comem no almoço, mas eu preciso. - E o Ministro fechou a pasta com os dados da professora e girou na mesa, lançando na direção de Mors. Ele realmente não tinha uma preferência por aurores e lançou a esmo, só esperava que algum deles tivessem as respostas que precisava. - Eu já enviei William para comandar as investigações no local do ataque, mas eu vou precisar de vocês para outros serviços. Como devem ter visto em meu pronunciamento, eu prometi uma ajuda financeira aos dependentes direto dos desaparecidos e com certeza muitos deles virão. Normalmente deixaria isso a cargo de qualquer ministerial, mas como quero informações eu vou deixar a cargo de vocês, aurores. Se alguém vier reclamar esta indenização, interroguem sutilmente estes familiares e descubram mais sobre as pessoas. De qualquer forma, temos a obrigação de encontrá-los.

O Ministro Philipp olhou para cada um dos aurores novamente e depois para Mordred. Ajeitou sua própria roupa e ficou o mais reto possível em sua cadeira, afastando um pouco da mesa. - Bem, o que eu tinha a dizer era basicamente isso, mas gostaria de ouvir vocês também. Alguém tem alguma dúvida, sugestão, crítica? Preciso de feedback pois se dermos um passo em falso afundaremos até os nossos pescoços na lama do fracasso. Mordred, Yu, Lewis, Cross, Mors. Vamos lá, digam o que pensam. - E Phillip se deixou mais confortável sobre sua poltrona, esperando qualquer tipo de reação dos presentes.

 O Ministro não deixaria de observar a expressão de cada um de seus subordinados e dentre todos eles, a que mais havia se destacado nessa reunião era Yu. Ela mantinha bem fortes suas tradições mesmo tão longe de casa, desde as suas vestimentas, passando pela forma de falar, de fazer reverências e até de como tomar a palavra, e isso impressionava muito Philipp. Quando o Ministro Shacklebolt finalmente permitiu a palavra aos presentes na reunião, ela foi a primeira a se pronunciar. Isso era esperado, pois a todo o momento, mesmo depois das responsabilidades terem sido assumidas pelo Ministro, era notável em seu rosto uma expressão de desapontamento e culpa, o que foi crescendo até ser dada a permissão para comentários. O que Zhang tinha a dizer era sobre o atendimento às famílias dos desaparecidos. Segundo a auror era um ato nobre, mas deixava os profissionais de segurança longe da ação, que era o realmente necessário para encontrar os familiares.

- Está completamente certa Senhorita Yu, mas nesse quesito não estou dando uma ordem expressa e sim fazendo um pedido. É evidente que não irei contra um auror querendo trabalhar e entrar em ação, mas caso alguém se sinta confortável em ficar e realizar esse serviço, eu agradeço. Inteligência e investigação são tão importantes quanto ter garra em lutar, Sair às cegas atrás de pessoas desaparecidas seria loucura. E eu sei que quanto a isso a Senhorita vai concordar comigo, não é mesmo? – Philipp se ajeitou novamente na cadeira e chegou para trás, segurando na mesa e se levantou. Acertou o terno e suspirou antes de continuar a falar  – E até porque, se alguém também não estiver preparado para enfrentar o desconhecido e lutar é melhor ficar em um escritório. Sempre haverá esse tipo de pessoa que poderemos usar a nosso favor  - Disse andando pelo escritório e observando os demais aurores – Mais alguém quer se pronunciar?