Sala do Ministro da Magia

O mal estava plantado e Luch sabia bem das consequências de seus atos. Havia dito coisas de um modo estúpido para a sua esposa e já imaginava a sua reação. Juliana ficaria terrivelmente chateada e decepcionada com a sua atitude e talvez seu relacionamento nunca mais fosse o mesmo, mas precisava agir dessa forma. Ao menos era a sua opinião. O rumo do mundo ao seu redor estava tortuoso demais. Hogwarts não estava mais segura, sua vida não era mais segura. Foi atacado, amaldiçoado e psicologicamente torturado no lugar onde se sentia mais protegido e por onde mais lutou para proteger. Os verdadeiros responsáveis pela segurança do mundo bruxo não levantavam um dedo sequer para resolver os problemas e pior, o único contato que teve com o Ministério foi através de uma empregada atrevida que o coagiu a agir de acordo com os interesses políticos dos mesmos.


As malditas palavras de seus pesadelos não saiam de sua cabeça, mesmo acordado. Luch havia aparatado, depois de alguns minutos, em um beco no subúrbio de Londres. Lembrava bem desse lugar, já tinha tido grandes aventuras e traumas nestas ruas tanto na sua juventude como no último ano, em que foi trazido pela Árvore do Passado às suas piores lembranças da vida. O Diretor não pensava muito, apenas caminhava para seu destino. Se transformou em um gato doméstico, sua forma animaga, e achou o caminho para entrar no Ministério da Magia Britânico. O Ministro precisava atende-lo, já era tempo de deixar de lado a negligência com o mundo e agir. Luch se aproximou da mesa de identificação antes dos elevadores e transformou-se de volta em humano, para a surpresa do recepcionista que gaguejou diante de sua presença.

- Luch Cancheski Drac, Diretor de Hogwarts, mas acho que você já sabe disso, não é mesmo? – Falou o homem com total desprezo e frieza que normalmente não condiziam com sua personalidade. O atendente por sua vez pegou a varinha de Luch para a verificação e começou a dizer cada um dos componentes e materiais que compunham o objeto.

“Videira, pena de fê....” - Luch tomou a varinha da mão do homem e guardou de volta no bolso do paletó. Não trazia nem um traço de sorriso no rosto e completou a fala do homem por conta própria enquanto fechava novamente a roupa. – pena de fênix, trinta e dois centímetros e bastante flexível... e digo mais, perfeita para transfigurações. Agora podemos pular a maldita burocracia. Eu estou aqui para uma reunião em caráter emergencial com o Ministro da Magia. E acredito que ele vai querer ouvir o que tenho a dizer. Na verdade... Acho BOM ele querer ouvir o que tenho a dizer. Diga que estou aqui, por favor.

E o Diretor de Hogwarts deu o passo à frente, sem olhar para o homem novamente. Tomou o caminho dos elevadores e esperou pacientemente até ser levado entre solavancos e mudanças bruscas de direção até o andar do Ministro da Magia. Caminhou pelo corredor pelo caminho que conhecia bem. Apesar de toda a reforma do Ministério há vinte anos atrás, as posições de corredores e salas foram impecavelmente preservadas. Em menos de cinco minutos estava de frente para a porta do Gabinete do Ministro. 

Sem reservas, Luch bateu duas vezes sem esperar nenhuma resposta usou a varinha para destrancá-la. O Gabinete era um lugar espaçoso, mas espaçoso do que uma pessoa como o Ministro precisava. Existia uma mesa imponente e cadeiras. Um armário com livros e outro com um extenso espaço para pastas de documentos que só o próprio Ministro tinha acesso...

- Como era de se esperar, não está no trabalho! – Disse impaciente, segurando com tanta raiva a varinha que poderia parti-la em dois a qualquer momento. Sabia que tinha tomado uma atitude impulsiva demais e isso lhe traria consequências. Quem sabe já haviam mandado alguns aurores para encontra-lo, mas não iria fugir. Precisava tratar de assuntos importantes com alguém responsável e se não fosse o Ministro, isso não importaria.