Sala de Jantar
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Re: Sala de Jantar
forget it, it's too dangerous. i can't lose you too, okay?
It's worth the risk. I was being weak, love is weakness.
Você acorda todos os dias, levanta da cama e já foi derrubado dez vezes. Não que você seja pessimista, mas nem sempre a vida te acolhe como deveria. Eu não me conheço e sei que metade dos hipócritas a minha volta também não, mas eles opinam. Opinam o tempo todo sobre uma vida que não é deles e, cá entre nós, jamais será. Nem sei em que ponto da minha vida deixei de me importar com os demais, mas eu finjo. Finjo estar preocupado com o que os tabloides dizem ou com o que a droga do técnico acha. Por quê? Porque sai mais barato do que as tantas consultas que me indicaram e perco menos tempo do que perderia se tivesse que explicar a cada infeliz sobre o que porras está acontecendo com a minha vida. Mas o jogo segue, o jogo segue e apanho o pomo e todos vão felizes para casa. É assim que funciona. Milhares de rosto por aí que não se cumprimentam ou se completam, apenas seguem seus caminhos vivendo ou sobrevivendo.
Na minha família são muitos, pelo menos 90% deles, eu não faço ideia de quem sejam e também não me preocupo em saber. Chega a ser um tremendo abuso ter que bancar o formal diante daqueles velhos brochas, escrotos e engravatados sem o pingo de decência que insistem em dar os famosos “bons conselhos” aos mais jovens da família. Como se isso me impedisse de reparar nos olhares atentos dos tais “muxibentos” para a bunda da minha irmã e, às vezes, da minha mãe. Queria gritar para o tal tio Juan que pedofilia é crime, mas meu pai, muito provavelmente, me mandaria para o exilio.
Sou o típico jovem prodígio para muitos. Ótimas notas, fenômeno do quadribol com um sobrenome de peso. Mais um pouco e estarei entre a linha tênue do “solteirão mais cobiçado do momento” e “o decadente jogador que se meteu com quem não devia”. Nesse jogo de perguntas e resposta, valendo um milhão, qual opção eu escolheria? Provavelmente a que causasse a comoção geral da nação porque sou do contra. Ah... Só os deuses sabem o quanto sou do contra. Tão do contra que me recuso a pedir minha simples xícara de café a tal da “Nana”. Carmen Eugenia Maria Perez Tejada Salinas Lozano Viramontes, esse é o nome da velha, mas minha mãe, minhas irmãs e meu pai, muitas vezes por educação, cismam de chamar a velha dos infernos assim. Inferno? Não. Melhor não dá o mérito da criação deste ser ao diabo, é bem capaz dele vir tirar satisfações comigo.
— É isso mesmo que escutou. Panquecas, iogurte, bacon, ovos mexidos, torradas francesas... Não, melhor. Vou querer ovos Benedict. Café e suco de laranja. Acho que vou querer calda de chocolate. Tem de chocolate?
— Sim. — me responde com seus olhos esbugalhados e respiração alterada, exatamente como gosto.
— E morango?
— Não. — ela está quase em ponto de ebulição e eu mal comecei.
— Então é de morango que quero.
— Manolo Manoel. Você é surdo? Não TEM calda de morango.
— Por isso mesmo. — a respondo com o maior e mais simpático dos meus sorrisos.
— Escuta aqui, niño... Não tenho obrigação alguma de lhe servir, sou a nana de sua mãe e suas irmãs. Entendido?
— Curioso não citar meu pai já que ele é o homem do dinheiro, afinal... seu salário é pago por quem mesmo? Ah...? Só estou lhe poupando trabalho, logo as meninas acordam e terá que fazer tudo isso.
— Elas não são irritantes como você.
— Ah, eu sou irritante?
— É.
A essa altura nem a atenção comum ela tinha, estava de costas me ignorando. Recusando fazer o meu café da manhã. Oras, como eu, esportista do ano, poderia sair de casa sem meu café da manhã só porque a empregada estava a fim de começar um greve.
— Carmen Eugenia Maria Perez Tejada Salinas Lozano Viramontes, eu sou irritante?
— Escuta aqui, Gilipollas. Quero você fora da minha cozinha agora! AGORA!
— Olha só... Xingando o patrão, que feio pra uma senhora da sua idade.
Minhas palavras mal puderam chegar até ela, em contrapartida xicaras e pratos voaram em minha direção. Disparate, assim é muito fácil. Quebra tudo porque não é dela. Por quê? Porque provavelmente os pratos da casa desta acéfala é de plástico. Ou devem comer em folha de bananeira mesmo.
— O que é isso, Carmen Eugenia Maria Perez Tejada Salinas Lozano Viramontes? Destruindo o patrimônio da família... Ah, isso gera demissão, sabia?
Ela não me dá ouvidos, continua gritando e esbravejando coisas nativas que eu, rapaz bem educado, jamais entenderia. Gostaria de rir neste momento, mas se o fizer, acabo com minha belíssima atuação. Ao perceber que não tenho mais nada a dizer, ela para. Encara-me com seus olhos pegando fogo e bufando mais que animal selvagem.
— Não vai preparar meu café? — pergunto por fim.
— NÃO!
— Certo...
No centro da cozinha há uma enorme mesa. Nela, todo seu trabalho da noite anterior descansa. Massas para diversos fins. Comidas típicas, entre outros legumes e temperos já picados para economizar tempo. Para agradar Jade e Zarah, Nana fizera todas as preferencias das mesmas para que pudessem levar para a praia onde a velha satânica, minhas irmãs e minha mãe passariam a tarde em um momento “só de mulheres”. Segurei a ponta da toalha e, em um puxão, tudo foi ao chão. Seus olhos se arregalaram, então deixei o cômodo. Para ela seria fácil utilizar a varinha em uma hora dessas, trágico é o fato dela sempre esquecer todos os feitiços. Velhice tem disso. Meu pai está na sala, quieto como de costume lendo o jornal. Acho que seu cérebro já está tão acostumado que ele se desliga da gritaria desta casa, mas ainda se mantém atento.
— Não é... PAI? — enfatizo a última palavra a fim de chamar sua atenção, mas ele está em outro planeta.
— Oi?
— A Nana, chata pra caramba. — enfim tomo sua atenção e os gritos da mulher ainda continuam.
— Não fale assim, ela é idosa. Tem que respeitar e deixar, sua avó também é assim. Sabe disso... Você não foi perturbar ela novamente, foi?
— Não. Pedi um café e ela recusou, está com raiva de mim sem motivo.
— Sem motivo, Manolo Manoel?
— Isso.
— Se fez algo com ela, pode reparar ou vai ficar de castigo.
— Não tenho mais idade pra ficar de castigo...
— Mas é meu filho e enquanto estiver vivo, segue minhas regras.
— Eita, vou até embora... — me viro prestes a deixa-lo, mas ele me impede.
— Não, não. Pode voltar. Estou esperando suas irmãs descerem. Quero conversar com os três sobre a questão que falamos na semana passada. Sabe de algo sobre elas?
— Jade está na área de segurança daquele treco enorme que não se define como hospital ou sei lá o que e a Zarah... Bem, a Zarah parece que conseguiu um emprego de assistente pessoal justamente com o dono desse treco. Não tenho ideia de como conseguiu isso... Ela mal consegue descer essa escada sem tropeçar, quiçá organizar a vida de um empresário.
— Veronna sempre foi focada, não esperava outra coisa. — suas palavras são brandas, mas tomam uma proporção maior e mais animada ao falar de Zarah. — Yasmine conseguiu? Isso é ótimo! E não fale dela assim, ela só é um pouco diferente. Engraçado você dizer isso... Quem é que anda bancando a celebridade problema ultimamente?
— Quem? Não estou sabendo.
— Deixa de ser sonso, Manoel. Eu não quero você em festinhas e bancando o bad boy, tem que se focar nos seus treinos. Você não ia buscar novos hobbies?
— Conjugou no tempo certo, “ia”. Não mais. Estou ocupado.
— Com nada?
— Fala como se eu fosse um vagabundo. Sou o melhor nos últimos anos, premiado e direto nos jornais. Quer coisa melhor?
— Quero. Uma foto sua no jornal que não tenha a palavra “vexame” ao lado.
— Ah, é mais fácil convencer ao mundo que Orion Silthrim é inocente do que conseguir um lance desses ai.
Ele força uma risada cômica e continua.
— Muito engraçado. Está sem permissão para suas diversões até segunda ordem. Enquanto não se mostrar adulto, não fará coisas de adulto.
Agora sou eu que força uma risada cômica.
— Tá brincando? Eu sou maior de idade, nem cola.
— Você está realmente subestimando meu poder sobre você, não está?
— Estou começando a achar que estou.
— Isso não é sobre mim ou você, é sobre o respeito de pai para filho. Funciona assim: Você é legal, eu sou legal. Mas se quiser bancar o rebelde, me fala. Será um prazer fazer da sua vida um inferno.
— Isso é um desafio?
— Você é tão irritante quanto sua mãe quando quer.
— Mas ela você não desafia.
— A diferença, Manoel, é que há respeito mútuo. E nela eu não bato, já em você...
— Okay, já entendi. Não vamos bancar os infantis.
— Quem está sendo infantil mesmo?
— Já. Entendi.
Como uma deixa, as gêmeas dão o ar da graça. Ambas descem juntas as escadas, animadas e garradas como sempre. Um burburinho incrível. No mesmo instante, Nana aparece e serve o café da manhã na sala. Exatamente tudo o que eu pedi, servido perfeitamente para ambas e meu pai. A minha frente, Nana dispõe uma xícara de café frio e esboça o mais largo de seus sorrisos.
— Filha da...
— Manolo! — Zarah me interrompe. — Olha só, diz se não estou bonita? Acho que essa formalidade toda não combina comigo, né? Ah... Nana... Obrigada, isso está ótimo!
— Linda, Zarah. Começa hoje?
Na minha família são muitos, pelo menos 90% deles, eu não faço ideia de quem sejam e também não me preocupo em saber. Chega a ser um tremendo abuso ter que bancar o formal diante daqueles velhos brochas, escrotos e engravatados sem o pingo de decência que insistem em dar os famosos “bons conselhos” aos mais jovens da família. Como se isso me impedisse de reparar nos olhares atentos dos tais “muxibentos” para a bunda da minha irmã e, às vezes, da minha mãe. Queria gritar para o tal tio Juan que pedofilia é crime, mas meu pai, muito provavelmente, me mandaria para o exilio.
Sou o típico jovem prodígio para muitos. Ótimas notas, fenômeno do quadribol com um sobrenome de peso. Mais um pouco e estarei entre a linha tênue do “solteirão mais cobiçado do momento” e “o decadente jogador que se meteu com quem não devia”. Nesse jogo de perguntas e resposta, valendo um milhão, qual opção eu escolheria? Provavelmente a que causasse a comoção geral da nação porque sou do contra. Ah... Só os deuses sabem o quanto sou do contra. Tão do contra que me recuso a pedir minha simples xícara de café a tal da “Nana”. Carmen Eugenia Maria Perez Tejada Salinas Lozano Viramontes, esse é o nome da velha, mas minha mãe, minhas irmãs e meu pai, muitas vezes por educação, cismam de chamar a velha dos infernos assim. Inferno? Não. Melhor não dá o mérito da criação deste ser ao diabo, é bem capaz dele vir tirar satisfações comigo.
— É isso mesmo que escutou. Panquecas, iogurte, bacon, ovos mexidos, torradas francesas... Não, melhor. Vou querer ovos Benedict. Café e suco de laranja. Acho que vou querer calda de chocolate. Tem de chocolate?
— Sim. — me responde com seus olhos esbugalhados e respiração alterada, exatamente como gosto.
— E morango?
— Não. — ela está quase em ponto de ebulição e eu mal comecei.
— Então é de morango que quero.
— Manolo Manoel. Você é surdo? Não TEM calda de morango.
— Por isso mesmo. — a respondo com o maior e mais simpático dos meus sorrisos.
— Escuta aqui, niño... Não tenho obrigação alguma de lhe servir, sou a nana de sua mãe e suas irmãs. Entendido?
— Curioso não citar meu pai já que ele é o homem do dinheiro, afinal... seu salário é pago por quem mesmo? Ah...? Só estou lhe poupando trabalho, logo as meninas acordam e terá que fazer tudo isso.
— Elas não são irritantes como você.
— Ah, eu sou irritante?
— É.
A essa altura nem a atenção comum ela tinha, estava de costas me ignorando. Recusando fazer o meu café da manhã. Oras, como eu, esportista do ano, poderia sair de casa sem meu café da manhã só porque a empregada estava a fim de começar um greve.
— Carmen Eugenia Maria Perez Tejada Salinas Lozano Viramontes, eu sou irritante?
— Escuta aqui, Gilipollas. Quero você fora da minha cozinha agora! AGORA!
— Olha só... Xingando o patrão, que feio pra uma senhora da sua idade.
Minhas palavras mal puderam chegar até ela, em contrapartida xicaras e pratos voaram em minha direção. Disparate, assim é muito fácil. Quebra tudo porque não é dela. Por quê? Porque provavelmente os pratos da casa desta acéfala é de plástico. Ou devem comer em folha de bananeira mesmo.
— O que é isso, Carmen Eugenia Maria Perez Tejada Salinas Lozano Viramontes? Destruindo o patrimônio da família... Ah, isso gera demissão, sabia?
Ela não me dá ouvidos, continua gritando e esbravejando coisas nativas que eu, rapaz bem educado, jamais entenderia. Gostaria de rir neste momento, mas se o fizer, acabo com minha belíssima atuação. Ao perceber que não tenho mais nada a dizer, ela para. Encara-me com seus olhos pegando fogo e bufando mais que animal selvagem.
— Não vai preparar meu café? — pergunto por fim.
— NÃO!
— Certo...
No centro da cozinha há uma enorme mesa. Nela, todo seu trabalho da noite anterior descansa. Massas para diversos fins. Comidas típicas, entre outros legumes e temperos já picados para economizar tempo. Para agradar Jade e Zarah, Nana fizera todas as preferencias das mesmas para que pudessem levar para a praia onde a velha satânica, minhas irmãs e minha mãe passariam a tarde em um momento “só de mulheres”. Segurei a ponta da toalha e, em um puxão, tudo foi ao chão. Seus olhos se arregalaram, então deixei o cômodo. Para ela seria fácil utilizar a varinha em uma hora dessas, trágico é o fato dela sempre esquecer todos os feitiços. Velhice tem disso. Meu pai está na sala, quieto como de costume lendo o jornal. Acho que seu cérebro já está tão acostumado que ele se desliga da gritaria desta casa, mas ainda se mantém atento.
— Não é... PAI? — enfatizo a última palavra a fim de chamar sua atenção, mas ele está em outro planeta.
— Oi?
— A Nana, chata pra caramba. — enfim tomo sua atenção e os gritos da mulher ainda continuam.
— Não fale assim, ela é idosa. Tem que respeitar e deixar, sua avó também é assim. Sabe disso... Você não foi perturbar ela novamente, foi?
— Não. Pedi um café e ela recusou, está com raiva de mim sem motivo.
— Sem motivo, Manolo Manoel?
— Isso.
— Se fez algo com ela, pode reparar ou vai ficar de castigo.
— Não tenho mais idade pra ficar de castigo...
— Mas é meu filho e enquanto estiver vivo, segue minhas regras.
— Eita, vou até embora... — me viro prestes a deixa-lo, mas ele me impede.
— Não, não. Pode voltar. Estou esperando suas irmãs descerem. Quero conversar com os três sobre a questão que falamos na semana passada. Sabe de algo sobre elas?
— Jade está na área de segurança daquele treco enorme que não se define como hospital ou sei lá o que e a Zarah... Bem, a Zarah parece que conseguiu um emprego de assistente pessoal justamente com o dono desse treco. Não tenho ideia de como conseguiu isso... Ela mal consegue descer essa escada sem tropeçar, quiçá organizar a vida de um empresário.
— Veronna sempre foi focada, não esperava outra coisa. — suas palavras são brandas, mas tomam uma proporção maior e mais animada ao falar de Zarah. — Yasmine conseguiu? Isso é ótimo! E não fale dela assim, ela só é um pouco diferente. Engraçado você dizer isso... Quem é que anda bancando a celebridade problema ultimamente?
— Quem? Não estou sabendo.
— Deixa de ser sonso, Manoel. Eu não quero você em festinhas e bancando o bad boy, tem que se focar nos seus treinos. Você não ia buscar novos hobbies?
— Conjugou no tempo certo, “ia”. Não mais. Estou ocupado.
— Com nada?
— Fala como se eu fosse um vagabundo. Sou o melhor nos últimos anos, premiado e direto nos jornais. Quer coisa melhor?
— Quero. Uma foto sua no jornal que não tenha a palavra “vexame” ao lado.
— Ah, é mais fácil convencer ao mundo que Orion Silthrim é inocente do que conseguir um lance desses ai.
Ele força uma risada cômica e continua.
— Muito engraçado. Está sem permissão para suas diversões até segunda ordem. Enquanto não se mostrar adulto, não fará coisas de adulto.
Agora sou eu que força uma risada cômica.
— Tá brincando? Eu sou maior de idade, nem cola.
— Você está realmente subestimando meu poder sobre você, não está?
— Estou começando a achar que estou.
— Isso não é sobre mim ou você, é sobre o respeito de pai para filho. Funciona assim: Você é legal, eu sou legal. Mas se quiser bancar o rebelde, me fala. Será um prazer fazer da sua vida um inferno.
— Isso é um desafio?
— Você é tão irritante quanto sua mãe quando quer.
— Mas ela você não desafia.
— A diferença, Manoel, é que há respeito mútuo. E nela eu não bato, já em você...
— Okay, já entendi. Não vamos bancar os infantis.
— Quem está sendo infantil mesmo?
— Já. Entendi.
Como uma deixa, as gêmeas dão o ar da graça. Ambas descem juntas as escadas, animadas e garradas como sempre. Um burburinho incrível. No mesmo instante, Nana aparece e serve o café da manhã na sala. Exatamente tudo o que eu pedi, servido perfeitamente para ambas e meu pai. A minha frente, Nana dispõe uma xícara de café frio e esboça o mais largo de seus sorrisos.
— Filha da...
— Manolo! — Zarah me interrompe. — Olha só, diz se não estou bonita? Acho que essa formalidade toda não combina comigo, né? Ah... Nana... Obrigada, isso está ótimo!
— Linda, Zarah. Começa hoje?
Manolo M. Orchide-León
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