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A garota que anda à noite

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A garota que anda à noite Empty A garota que anda à noite

Mensagem por Carson Schatten Lovecraft Qua 24 Jun 2015, 03:06



1; one; premiére





Hogwarts não é a minha casa. Minha casa fica distante, e temos navios, velas, espadas. No meu ponto de vista, Hogwarts é uma bagunça. Não sei como meus tantos primos aguentam viver aqui. Vim para cá torcer pela minha delegação e acabei tendo de ficar. A porcaria do Torneio Tribruxo e tudo de ruim que isso trouxe consigo. E depois que tudo terminou, fui obrigada a ficar em Hogwarts, mesmo contra a minha vontade. Metade da família está aqui, e acharam melhor me manter por perto. Não que eu tenha gostado.

Eu sou muito, muito boa mesmo com um machado. Talvez seja minha maior arma, além de saber contar histórias de fantasmas como ninguém. Quer ouvir uma? Não vai se arrepender. Prometo. É um verdadeiro dom, digamos assim. Ninguém sabe contar histórias de fantasmas como eu, a não ser Monsieur Lovecraft du Cirque des Rêves, que foi quem me ensinou. Era o que eu fazia no circo, além de... bom, tudo.

Tenho asas de anjo tatuadas nas costas. Elas representam tudo o que eu sou. É meu apelido. É o que eu mais adoro. Talvez seja o que melhor representa minha trajetória pessoal. Decidiram que eu tinha cara de anjo e que isso seria muito bem aproveitado. Quando me perdi da minha família, (aka fugi) aos seis anos de idade, não sabia que seria encontrada por um circo viajante. E o acordo para que ficassem comigo foi esse. Ninguém é sem utilidade em um espetáculo.

Minha família é enorme, muito mesmo. Incluindo a família do circo, é claro. Na época da fuga, eu não concordava muito bem com os ideais que me envolviam, mas agora deixei de ligar. Minha mãe é alguém que não se importa, então sou como ela. Não me importo.

Não tenho irmãos, não que eu saiba. Tenho muitos primos, e parentes distantes que desconheço o nome dado. E uma avó legal. E tenho tias e tios, o que me faz ser uma pessoa muito mais ligada à família do que qualquer outra coisa. E visito o pessoal do circo quando posso. Minha mãe não gosta muito, mas, como disse, ela deixou de se importar.

Tenho algumas coisas para fazer mais tarde, então vou fechar o moleskine agora. Talvez eu adicione algumas polaroides aqui dentro, mais tarde.

Até breve.
Angel

© avey
Carson Schatten Lovecraft
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A garota que anda à noite Empty Re: A garota que anda à noite

Mensagem por Carson Schatten Lovecraft Ter 30 Jun 2015, 13:09



a ave circus




Nenhum talento é desperdiçado no circo. E se você não tem talento, você deve ir embora. Ao menos era assim que consideravam na época em que bati naquela tenda, há alguns anos atrás. Seria muita crueldade deixar que uma criança de seis anos de idade lavar todas as louças das refeições sozinhas, então Monsieur Lovecraft me adotou. Ele convenceu os demais artistas do circo que eu teria alguma utilidade, e que ia fazer de mim uma grande artista.

Até que estava certo.

O homem queria me inserir no show, fazer de mim uma grande ilusionista, como ele. Eu só viria a saber o que era isso muito tempo depois, com a ajuda de uma varinha. Lovecraft me apresentou ao seu pequeno número mágico com animais, esperando que algo em mim pudesse florescer. Aos poucos, fui entendendo o que ele queria.

Existem pessoas, shapeshifters, que conseguem mudar de forma. Ao menos foi assim que Lovecraft me ensinou que os chamam. Na escola, alguns anos mais tarde, aprendi uma nova denominação: animago. Era isso o que ele queria que eu fosse, e com a pouca idade, eu não fazia a mínima ideia de por onde começar.

Deixando registrado que se houvesse um livro de recordes bruxos, eu seria a animaga transformada mais nova do mundo. Acho isso bem legal.

De qualquer modo, havia um grande motivo para Lovecraft me querer como uma ave. Eu tinha rosto de anjo. Tenho? Nunca acreditei muito nisso, mas não só meu pai adotivo como todo o pessoal do circo achava isso também. E fazia parte do espetáculo. E tinha um quê filosófico em tudo isso, também. Eles não me deram muita escolha, eu já fui pronta para o palco, sabendo no quê deveria me transformar e como.

O Gavião-Cinzento tem o nome científico de Circus cinereus, e é literalmente, circense. Fato é que queriam um mascote para o Circo dos Sonhos e eu calhei de aparecer ali de repente. Infelizmente, a transformação inicial não foi nada fácil. Depois de alguns anos em Durmstrang descobri que para se tornar um animago, é preciso estudar Tranfiguração por anos. Então como uma garotinha de apenas sete anos (porque demorou um ano inteiro de prepatarivos e tudo mais) conseguiria tal proeza?

Fui forçada, claro. As pessoas subestimam muito o poder do feitiço Imperio, e acham que ele só dá o direito de controle corporal e mental. Não exatamente só isso. Monsieur Lovecraft sempre foi um ótimo ilusionista, fazia magia com as mãos na frente de todos. Avaração, postumamente descobri. Não foi difícil para ele me obrigar a ter asas. E se não foi difícil para ele, foi dolorido para mim. Admito que preferia ter aprendido da maneira mais simples, mas isso demoraria muito, e precisavam de um novo show.

Apesar de ser uma Maldição Imperdoável, ele não estava fazendo nada de ruim comigo. Pelo contrário. Lovecraft me ensinou a voar. Demorou um tempo até que minhas transformações fossem espontâneas. Ele me obrigava a aprender como sentir meu corpo durante a transformação, me deixando o mais lúcida possível, mas sem o controle corporal. Não consigo explicar até hoje. Mas fato é que, depois de algum tempo, consegui canalizar meus sentimentos e me transformar sozinha. Eu tinha nove anos quando isso aconteceu pela primeira vez, o que quer dizer que estive sob o controle de Lovecraft durante dois anos. Viu? Eu disse que ele era talentoso.

Então a cortina preta se abria - porque não existem cores em Le Cirque des Rêves, tudo é preto e branco - e eu estava parada no meio de um pequeno palanque, uma criança com rosto de anjo. O piano lentamente começava a tocar aquele som... de caixinha de música. (pss! provavelmente a música que você está ouvindo agora, leitor.) E eu estava vestida como uma pequena bailarina negra. E à medida que a música avançava, eu virava de costas, possibilitando a platéia de ver minhas asas tatuadas. Antes eram apenas desenhos, mas, quando deixei o circo, eu as tatuei de verdade. E então eu ia dançando, me movimentando devagar, até acelerar o suficiente para que uma única pena aparecesse em minhas costas. Seguida de outra. E de outra. E então várias delas, até as cartilagens saírem, como se eu fosse um grande monstro em transformação. Monsieur Lovecraft, então, jogava alguns feitiços em mim, e dava a impressão de que as asas cinzentas eram gigantes, muito maiores do que seu tamanho natural.

E a cortina se fechava.




Lovecraft me ensinou a voar


Até breve.
Angel

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