Pátio Fechado

O interior de Azkaban era tão detestável quanto o exterior. Apesar de estar sendo reformado nos mínimos detalhes era muito difícil tirar a atmosfera depressiva e derrotista impregnada até o último grão de barro que formava a parede das celas e corredores. O Ministro caminhava na frente, ignorando completamente tudo ao redor. Pessoas definhando, alguns praticamente mortos na cela. O cheiro do ambiente era de podridão, fezes, urina. Eu tinha que tentar toda hora tampar minhas narinas para não vomitar. Quanto mais profundamente estávamos no Complexo, mais estreito eram os corredores e mais apertado eram as celas individuais. Presumia que aqui estavam os mais perigosos, mas não perguntaria nada ao Ministro pois queria o mínimo de contato possível. Após um passeio nada agradável, chegamos ao Pátio Central que parecia ter corredores para todas as Alas do Complexo. Era um lugar intimidador, mas imponente. 

Philipp estava inquieto e isso me irritava, pois eu tentava manter a calma e tinha muitos motivos para estourar aqui. Ele começa a explicar sobre como isso renovaria a forma como veem Azkaban. Não seria mais o fim da vida dos prisioneiros, mas a oportunidade de um recomeço. Apenas ergui uma sobrancelha e cruzei os braços, bufando levemente e olhando para o outro lado. Ele lança indiretas muito bem diretas para mim falando sobre os riscos que um boato sobre Comensais da Morte teriam para toda essa tentativa de renovação. Mentalmente eu repetia mais uma vez que eu NUNCA havia dito algo sobre Comensais da Morte, apenas perguntava sobre os prisioneiros daquele dia e olha só. Eles existem, seja lá como o Ministro os chame. Não valia a pena retrucar um homem que tinha um ego tão grande que poderia vestí-lo. Apenas sorri da forma mais cínica que eu poderia.

- É realmente uma verdadeira maravilha isso aqui, é quase um spa de férias poxa. Pensarei em trazer minha família para passear aqui se eu sobreviver às minhas imaginações férteis. - Disse descontraidamente e rindo no final, caminhando sem rumo, dando as costas para o Ministro e olhando o alto dos prédios. Philipp se dirigi a um carcereiro e pergunta sobre a disponibilidade de alguma senhora, possivelmente alguém importante ali. Não que me importasse. Ele também avisa de última hora sobre o meu caso, que deveriam me escoltar até a cela da suposta comensal, já que o outro possível assassino não tinha capacidades para por uma maldição em alguém. Assenti com a cabeça em silêncio e segui o funcionário para a tal X01, enquanto Philipp ia para o caminho contrário. Eu não sabia o que esperar, mas um frio na barriga me consumia. Não sei ao certo se era culpa dos dementadores ou a certeza de que algo ainda mais intragável estaria por vir.